O temor de uma nova onda de casos da Gripe A, decorrentes dos 12 casos confirmados nos Campos Gerais. Sendo oito em Ponta Grossa e quatro na cidade vizinha Tibagi. Em Reserva há suspeita de um caso, que está em monitoramento. A Tribuna conversou com Reinaldo de Andrade, um dos enfermeiros responsáveis pelo monitoramento e combate à Gripe A no município.
Mediante aos casos na região dos Campos Gerais, quais as medidas que a saúde em Reserva está tomando. Está se projetando algo semelhante ocorrido na pandemia de 2009?
Reinaldo: Num primeiro momento é importante ressaltar que a situação atual não é desesperadora, porém isso não nos possibilita entrar na chamada zona de conforto, uma vez que por se tratar de uma doença transmitida por vias respiratórias o quadro pode mudar da noite para o dia. Ainda é cedo para se estimar se teremos uma situação semelhante a 2009, precisa se observar os próximos dias, e acima de tudo, a evolução dos sintomas dos pacientes com quadro clínico suspeito de H1N1, pois como muitos tiveram contato com o vírus em 2009, talvez algumas manifestações sejam em menor intensidade fazendo com que acabe passando despercebido pelo serviço de saúde e até mesmo pelo paciente. Mas como citado anteriormente, não podemos entrar numa zona de conforto achando que não teremos casos, pois isso é impossível até mesmo pela quantidade de pessoas que entram e saem diariamente de nosso município. Atualmente o município está se preparando com um quantitativo do medicamento Tamiflu, é importante lembrar que a distribuição deste medicamento pelo Estado ainda é lenta, e só pode ser feita mediante receita médica, e, pretendemos realizar coleta do exame de detecção do H1N1 para realizarmos um melhor monitoramento frente à ocorrência de novos casos de H1N1 ou de outros vírus que ocasionem gripe. Hoje contamos com três Kits de coleta, que serão feitos baseado em critérios técnicos e não na vontade deste ou daquele, pois, é um exame caro e não pode ser banalizado.
O caso suspeito: como foi feito a descoberta e quais são as etapas até um resultado mais conclusivo?
Reinaldo: Realmente, o município possui um caso em monitoramento, e o isolamento do paciente é rotina e deverá ser feito com qualquer pessoa que venha apresentar sintomas que justifiquem esta necessidade, até mesmo como forma de proteção coletiva. É evidente que o primeiro caso sempre chama a atenção e muitas vezes acabam saindo comentários desagradáveis desrespeitando a integridade de quem está sob cuidados, até por que isto pode acontecer com qualquer um de nós. A descoberta se deu através de consulta médica, onde o paciente apresentava febre superior a 39°C, tosse, dor de garganta e dor no corpo e um leve desconforto respiratório. Já foi realizado exame para confirmar ou descartar o caso, e tão logo tenhamos o resultado estaremos informando a comunidade para estarem cientes sob a situação. Estaremos agindo de forma transparente e baseada em informações reais e não em suposições, pois não é assim que trabalhamos.
Quais são as diferenças da gripe comum com a Gripe A?
Reinaldo: Basicamente: Febre alta superior a 38°C (persistente), tosse, dor no corpo, diarreia e falta de ar intensa.
Quem tomou a vacina na campanha (do grupo de risco ou não) está protegido de um eventual surto?
É importante lembrar que a imunidade produzida pela vacina tem duração média de um ano. Isso se dá pelo fato de os vírus da gripe sofrerem constantes mutações (variações). A proteção máxima ocorre de 30 a 60 dias após a vacinação, por isso se faz a vacina no outono, para que quando chegue o período de maior intensidade do inverno a proteção pela vacina esteja no seu pico máximo. Como o vírus do H1N1 deixou de circular não houve continuidade da vacinação. Isto se sabe, pois existem cidades no Brasil que são chamadas de sentinelas, ou seja, constantemente são realizados exames para a detecção de quais vírus da gripe estão circulando no país. Se eventualmente forem liberadas novas doses da vacina contra a gripe, certamente estas serão priorizadas para alguns grupos e é importante que fique claro que esta definição é feita mediante critérios técnicos definidos pelo Ministério da Saúde e Estado, resumindo, cumprimos ordens.
O clima atual e em Reserva favorece a Gripe A? Quais as recomendações: uso do álcool gel, por exemplo?
Reinaldo: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são estados que por terem uma temperatura média menor que a dos demais estados da federação tem sim maior probabilidade de ocorrência do vírus da gripe. A proteção que devemos adotar é a mesma de 2009, que, aliás, nunca deveria ter sido abandonada que é a lavagem frequente das mãos, se for possível com álcool a 70% que possui uma ação melhor que os demais, assim como ambientes ventilados, evitando aglomerações. É importante lembrar que não é recomendado limpar pia, balcão, corrimão com o álcool gel, pois esta dará uma falsa impressão de cuidado, pois, devido o contato com a temperatura ambiente ocorrerá à evaporação do produto, ficando gel, o que acarretará no acúmulo de sujidades e outros micro-organismos ocasionando outras manifestações, com alergias por exemplo.
